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Quantificar o número de espécies existentes no planeta é uma tarefa muito complicada para os cientistas, uma vez que a descoberta e a classificação desses organismos não estão completas. Estudos recentes mostram que o total de espécies gira em torno de 8,7 milhões, dos quais, 2,5 habitam nossos mares e sofrem todo dia com os impactos gerados pelo homem. 

A produção e o descarte incorreto de lixo se destacam como ameaça e é um dos principais impactos antropogênicos que afetam o mar. Mais da metade do lixo é plástico, e milhões de toneladas tem os oceanos como destino, todos os anos.

Provindos de rios que banham as cidades e desaguam no mar, e da população costeira, as embalagens plásticas, classificadas como descarte imediato, é o maior setor encontrado nos dias de hoje. Os lixos plásticos se transportam da costa ao mar aberto, da superfície à altas profundidades e podem chegar em locais com ausência de presença humana, como o caso do mar que circunda a Antártida.

As correntes marítimas e os ventos são fenômenos naturais que distribuem os resíduos por toda extensão do oceano, e em alguns casos, são levados a lugares específicos, onde há o acúmulo dos resíduos nessas áreas. O centro do Pacífico é um grande exemplo desta poluição, apresentando uma massa total de plásticos superior à massa total de organismos marinhos. 

Em um mar de plástico, ingestão e aprisionamento são as maiores causas de mortes relacionada a presença desses resíduos. Distúrbios alimentares, menor capacidade de assimilar nutrientes, taxas de crescimento e reserva energética reduzidas, podem alterar a dinâmica ecológica desses grupos e desequilibrar o ecossistema.

As aves marinhas e as tartarugas são os seres que mais ingerem plástico, logo em seguida temos golfinhos, peixes e até crustáceos. Hoje, a maior mortalidade da Tartaruga de Couro (Dermochelys coriácea) não é devido a causas naturais, mas sim aos plásticos. Mais de 90% das tartarugas encontradas nas praias e submetidas a necropsias, na Baixada Santista, São Paulo, possuem lixo plástico em seus estômagos, variando entre bexigas de aniversários, embalagens de sorvete, sacolas de supermercado e outros.

Além dos plásticos propriamente dito, uma outra questão fundamental que envolve o paradigma da conservação e poluição são os microplásticos; plásticos menores que 5 milímetros. Muitas vezes invisíveis, os microplásticos podem ser primários e secundários. Os primários são pellets de resina plástica, ou seja, a primeira forma do plástico, usado para produzir todos os outros produtos. Chamamos de microplástico secundário a degradação do plástico comum. Devido a suas propriedades, este material tem capacidade de adsorver diversas substâncias, incluindo metal pesado, que tem características acumulativas.

Vale destacar, que além da presença dos plásticos, existem contaminantes, substâncias químicas e pesticidas associados a eles, que prejudicam mais ainda a saúde dos organismos aquáticos, bem como a qualidade da água. Estes resíduos demoram de anos a décadas para se decompor, causando danos ao ecossistema marinho. Eles entram há uma taxa muito maior do que se decompõem e a única saída para enfrentar o problema é através da conscientização da sociedade sobre o meio ambiente que a cerca e com o qual convive. 

Resíduos de plástico na areia Plásticos na areia, trazidos pela maré

 

Bibliografia

  1. Santos, Isaac Rodrigues. "Plásticos na dieta da vida marinha." Ciência Hoje 39 (2006): 50-51
  2. Jambeck, Jenna R., et al. "Plastic waste inputs from land into the ocean." Science 347.6223 (2015): 768-771.
  3. Mora, Camilo, et al. "How many species are there on Earth and in the ocean?." PLoS biology 9.8 (2011): e1001127.

 

Luiza Rossato Pereira

Graduanda em Ciências Biológicas, com habilitação em Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro, pelo Instituto de Biociências - UNESP – Câmpus do Litoral Paulista.